A série de assassinatos de alvos russos que revela escalada de tática da Ucrânia
Execução de Igor Kirillov em Moscou é apenas uma de uma sequência de explosões que tem atingido membros do alto escalão russo Veja momento da explosão que matou general da defesa nuclear russa em Moscou
O assassinato de Igor Kirillov, chefe das Forças de Defesa Nuclear, Biológica e Química (NBC) da Rússia, nesta terça-feira (17), é um sinal de que a Ucrânia está escalando seus ataques contra membros do alto escalão de Moscou.
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Uma fonte do governo da Ucrânia confirmou à BBC que o país está por trás da execução do tenente-general Kirillov, em uma explosão do lado de fora de um prédio residencial da capital russa.
"Isso não é um assassinato isolado. Nem é aleatório", escreveu Jonathan Beale, repórter de assuntos de defesa da BBC.
Hamish de Bretton-Gordon, especialista britânico em armas químicas, afirmou que Kirillov era um general russo importante, que autorizou o uso de cloropicrina – um gás tóxico – em escala industrial.
O assassinato está sendo visto como o mais recente de uma série de ataques direcionados da Ucrânia contra oficiais russos, autoridades militares instaladas pela Rússia e figuras públicas pró-Kremlin em territórios ucranianos ocupados e na própria Rússia.
Sequência de mortes
Kirillov serviu em diferentes funções nas Forças Armadas da Rússia associadas a materiais perigosos.
Reuters via BBC
Em 13 de novembro, uma explosão de um carro-bomba matou Valery Trankovsky, um oficial sênior da marinha russa, na Crimeia, região da Ucrânia ocupada pela Rússia desde 2014.
Uma fonte do Serviço de Segurança da Ucrânia, a SBU, disse ao jornal Kyiv Independent que Trankovsky era um criminoso de guerra que ordenou ataques com mísseis de cruzeiro contra alvos civis na Ucrânia.
O assassinato de Trankovsky teria sido orquestrado pelos ucranianos, informou no mês passado a agência de notícias AFP, citando uma fonte dos serviços de segurança da Ucrânia.
A inteligência ucraniana também é considerada responsável pelo assassinato do cientista russo Mikhail Shatsky, que foi morto perto de Moscou em 12 de dezembro.
Shatsky teria participado do programa de mísseis da Rússia e do desenvolvimento de softwares de inteligência artificial para drones.
Também no início de dezembro, o ex-chefe de uma prisão em Donetsk, outra região da Ucrânia ocupada pela Rússia, morreu após seu carro explodir.
Sergei Yevsyukov era o chefe da prisão de Olenivka quando dezenas de prisioneiros de guerra ucranianos morreram em um ataque com mísseis em julho de 2022.
Na época, a Rússia culpou a Ucrânia pelo ataque à prisão, mas a Ucrânia afirmou que os russos a haviam atacado para destruir evidências de tortura e outros crimes de guerra cometidos no local.
Além desses casos, em abril uma explosão de carro-bomba em território controlado pela Rússia na região de Luhansk matou um funcionário do governo nomeado por Moscou.
E, em outubro, a Ucrânia assumiu a responsabilidade por um ataque com carro-bomba que matou um funcionário da usina nuclear de Zaporizhzhia, ocupada pela Rússia.
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Guerra perto de casa
Corpo do estirado no chão onde o general Igor Kirillov, chefe das Forças de defesa nuclear, biológica e química da Rússia, morreu após explosão em Moscou em 17 de dezembro de 2024.
AP Photo
Para moradores de Moscou, o assassinato do general Kirillov em plena capital russa é um sinal de que esta guerra é muito real e está muito próxima de casa.
Conversando com os moradores do bairro onde aconteceu a explosão, o editor da BBC Rússia em Moscou, Steve Rosenberg, relata que está "claro um profundo sentimento de choque".
"Mesmo após três anos de guerra, para muitos moscovitas, a guerra da Rússia na Ucrânia é algo que acontece longe daqui; algo que eles apenas veem na televisão ou em seus celulares", escreve.
A historiadora e jornalista vencedora do Prêmio Pulitzer, a americana-polonesa Anne Applebaum, disse em entrevista à BBC que a morte de Kirillov parece ter sido "muito cuidadosamente planejada", já que aconteceu um dia após ele ser acusado pela Ucrânia de usar armas químicas.
Applebaum é autora de livros sobre a Rússia comunista e o desenvolvimento da sociedade civil do Leste Europeu.
"Alguém certamente quis fazer parecer que isso foi uma forma de fazer justiça com as próprias mãos", disse ao programa Today, da BBC Radio 4.
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